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sábado, 30 de abril de 2011

Tipologia textual x gênero textual

Tipologia textual x gênero textual

Para Marcuschi, Tipologia Textual é um termo que deve ser usado para designar uma espécie de seqüência teoricamente definida pela natureza lingüística de sua composição. Em geral, os tipos textuais abrangem as categorias narração, argumentação, exposição, descrição e injunção (Swales, 1990; Adam, 1990; Bronckart, 1999).Segundo ele, o termo Tipologia Textual é usado para designar uma espécie de seqüência teoricamente definida pela natureza lingüística de sua composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas) (p. 22).

Gênero Textual é definido pelo autor como uma noção vaga para os textos materializados encontrados no dia-a-dia e que apresentam características sócio-comunicativas definidas pelos conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica.

Nar­ra­ti­vos

Ten­dem a ser enun­ci­a­dos com ver­bos de mudança no pas­sado, um cir­cuns­tan­cial de tempo e lugar. Nor­mal­mente sã desig­na­dos como enun­ci­a­dos de ação. O ele­mento cen­tral é a sequên­cia temporal.

Des­cri­ti­vos

Estru­tura sim­ples com um verbo está­tico no pre­sente ou imper­feito, um com­ple­mento e uma indi­ca­ção cir­cuns­tan­cial. Pre­do­mi­nam as sequên­cias de localização.

Expo­si­ti­vos

Ser­vem para iden­ti­fi­car ou ligar fenô­me­nos, atra­vés de pro­ces­sos de com­po­si­ção ou decom­po­si­ção. É comum que o sujeito e o com­ple­mento esta­be­le­çam entre si uma rela­ção de parte-todo. São sequên­cias ana­lí­ti­cas ou expli­ci­ta­mente explicativas.

Argu­men­ta­ti­vos

Trata-se de um enun­ci­ado de atri­bui­ção de qua­li­da­des ou valo­res. Há um claro pre­do­mí­nio de sequên­cias tex­tu­ais con­tras­ti­vas explí­ci­tas e de cri­a­ção de con­cei­tos a par­tir do pró­prio dis­curso com o obje­tivo de per­su­a­dir o interlocutor.

Injun­ti­vos

São enun­ci­a­dos inci­ta­do­res à ação. Nota-se cla­ra­mente sua fun­ção ape­la­tiva, uma vez que tende a pos­suir sequên­cias com ver­bos no imperativo.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

6ª OFICINA TP 3 UNIDADE 11 E 12

Iniciamos nossos encontro com uma linda mensagem chamada Canção dos Homens que descreve os costumes de uma tribo africana desde o seu nascimento até sua morte. Como os objetivos da oficina eram refletir sobre a organização lingüística das tipologias textuais e observar a inter-relação entre gêneros e tipos textuais lemos um texto de Marcuschi no qual fica explicito a diferença entre um e outro. No primeiro momento da oficina foram discutidos os temas da TP e percebi que algumas colegas ainda apresentam dúvidas sobre a distinção entre gênero e tipo textual. No entanto, outras disseram que o material do Gestar é de fácil compreensão e que já sentiram uma mudança em suas abordagem sobre gêneros na sala de aula. Os professores elaboraram em grupo atividades relacionada às unidades finais do Tp3. Em seguida foi realizada discussão, reflexões e sugestões acerca dos relatórios elaborados pelos cursitas sobre os dois avançando na pratica das unidades 9 e 10 da Tp3. Cada um após a leitura de seus relatórios expôs seus resultados obtidos, tanto positivos quanto negativos durante o desenvolvimento do seu trabalho com seus discentes. Lemos o texto “o salário mínimo” de Jô soares para a realização desta oficina, foi feita uma leitura em conjunto dos itens abordados. O trabalho foi desenvolvido da seguinte maneira: o grupo analisou o texto, chegando à conclusão que é uma crônica mostrando argumentos que os fizeram chegar a tal conclusão.Após estas análises, concluímos que apesar das dificuldades encontradas, as atividades propostas do avançado na pratica e a oficina, possibilitam e facilitam ao educador em trabalhar tipos textuais e inter-relação entre gêneros. E o retorno disso tudo e para o decente, que deve receber uma formação de qualidade. Portanto que o professor, realize um bom trabalho, e necessário que ele amplie seus conhecimentos. Logo em seguida cada professor escolheu um avançando na prática que seria trabalhado em sua turma, como o tema Bullyng é um tema muito pertinente no interior da escola sugeri que fizessem com uma turma o avançando na prática da página 172 onde pode ser trabalhado a transposição de gênero com o tema.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

No Botequim – Jô Soares

Freguês — Garçom, por favor. Eu quero um café com leite com uma rosquinha.
Garçom — O senhor vai me desculpar, mas não tem mais rosquinha.
Freguês — Ah? Não faz mal. Então me dá só um cafezinho simples. Isso. Só um cafezinho. Com uma rosquinha.
Garçom — Eu acho que não me expliquei direito. Eu falei pro senhor que não tem mais rosquinha. Acabou toda a rosquinha,
Freguês — Ah, bom. Se é assim, muda tudo. Então me traz um copo de leite. Leite tem? Beleza. Me traz um copo de leite. Com uma rosquinha.
Garçom — Eu disse que não tem mais rosquinha! Torrada tem, rosquinha não tem! Há três anos que não tem rosquinha!
Freguês — O senhor também não precisa ficar nervoso. Não tem, não tem. Eu peço outra coisa. Qualquer coisa. Eu não sou difícil de comer. Eu tomo o que o senhor quiser. Chocolate, chá. Sei lá. Chá o senhor tem? Então taí. Traz um chazinho. Com uma rosquinha.
Garçom — Eu já disse que eu não tenho rosquinha! Faz o seguinte. Vai em outro boteco. Não me enlouquece. Vai em outro boteco!
Freguês — Não, pode deixar. Vamos mudar. Em vez disso, me dá uma coisa que alimente mais. Uma coalhada. Coalhada tem?
Garçom — Tem.
Freguês — Tem mesmo?
Garçom — Tem.
Freguês — Vê lá, hein? Não vai me fazer mudar o pedido de novo.
Garçom — Eu já disse que tem!
Freguês — Ótimo. Uma coalhada. Mas não esquece da rosquinha.
Garçom — O senhor é maluco, é? Não tem rosquinha! Não tem rosquinha!!
Freguês — Tá bom, tá bom. Não precisa gritar. Traz só a rosquinha.
Outro Freguês — Escuta aqui. O senhor quer enlouquecer o garçom, é? Há dez minutos que eu estou ouvindo esse papo e eu não sei como ele está agüentando! Olha, não liga pra esse maluco não. Traz logo a rosquinha dele e pronto.

SONETOS- ALUNOS DO GESTAR II

O amor é o nascer do sol na madrugada,
É uma fogueira;
O amor é vida que se vive,
É uma luz que ilumina a alvorada.

É o sol que aparece com sua delicadeza
É a estrela que enfeita a noite.
É o mar com suas ondas;
É a natureza com sua beleza.

O amor é uma nuvem que faz chover;
É uma semente,
É um tesouro que ninguém pode ver.

O amor é um pássaro raro
É uma procura arriscada
Por um diamante caro.
(Guilherme Daniel Matoso Maciel)

Semente
(Marineis Ronche Lemes)
O amor é uma semente,
Que plantada nasce como sonho
E regada cresce com carinho,
Mas só quem vive o sente.

É uma semente que sem querer ela aparece,
Quando você menos espera ela cresce,
Em um coração, sem rancor e angustia;
É lá, em um coração de esperança que ela cresce.

Como saber que essa semente
Não iria nos fazer chorar?
É como um calendário que vive em nossa mente.

Essa semente é um querer em um sonhar;
É um sorriso em espera;
É o amor e um cantar.
(Marineis Ronche Lemes)
O Amor
(Wesle Chiodelli)
O amor existe no coração
Das pessoas apaixonadas,
Das famílias e dos amigos;
É uma grande fonte de emoção.

Amar é uma emoção
pura e muito forte;
É a chama entre os corações,
É o calor humano da paixão

O amor nasce no coração
das pessoas mais sensiveis,
que por ele tem grande admiração.

O carinho que trago no peito
É um sentimento fiel e sincero,
Que por alguém especial já foi feito




Alunos do 9º ano do Ensino Fundamental da Escola
Pólo Municipal Venita Ribeiro Marques.
Guilherme Daniel Matoso, Jéssica Miranda, Marineis
Lemes, Wesle Chiodelli.
Professora: Jéssica Balen Sanches.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

INTERGENERICIDADE

A intergenericidade é, de acordo com Koch (2006), um fenômeno de hibridização, de mistura de gêneros ou de intertextualidade intergêneros. Em outras palavras, consiste na possibilidade de um determinado gênero apresentar uma forma híbrida, isto é, apresentar a forma de outro gênero. Pensando nessa possibilidade, resolvi brincar assim:

Prezadíssimo Útero:
Estou aqui, mais uma vez, prestes a fazer-lhe uma visitinha. Digo-lhe isso, caro Forno, pois já consigo enxergar de uma outra dimensão as partes que sempre, quando juntas, me formam. Bem ali, sobre uma já conhecida mesa, estão 4 ovos, 1 lata de leite condensado, 2 xícaras de chá de coco ralado, 1 colher de sopa de fermento em pó, manteiga (para untar a placenta) e açúcar de confeiteiro para me polvilhar no pós-parto. É isso mesmo: daqui a pouco você será fecundado para que eu possa nascer...
É só ter paciência. Aprendi a esperar que alguém coloque na batedeira as gemas para que elas se transformem num creme leve e fofo e, nesse instante, adicione o leite condensado aos poucos e sem parar de bater. Quando esse alguém desligar a batedeira e juntar o coco ralado, eu já estarei quase parecido comigo e bem perto de você, amigo Útero. Depois é só mexer bem o creme com uma espátula, adicionar o fermento peneirado e misturar bem.
Após esse período, mãos carinhosas deverão bater as claras em neve e juntá-las à minha massa (em movimentos leves e delicados para que o ar incorporado não se perca). Em seguida, esse feto deverá ser colocado em uma forma -com furo central e untada- e levado até você já pré-aquecido. Ao me retirarem de suas entranhas, caro Útero, depois de frio, serei polvilhado com açúcar de confeiteiro (meu talquinho) e estarei pronto para o deleite das bocas sedentas.
Um forte abraço e até breve,
Futuro Bolo de leite condensado e coco.

domingo, 17 de abril de 2011

HUM!

Vania Nogueira De Lara
C. E. M. Criança Esperança I; Rio Brilhante (MS)

Acordei cedinho
Abri a janela
Cadê o canto do passarinho?

O passarinho voou
Foi embora
Aqui não mais voltou.

Que cheiro esquisito é esse?
De couro? Ah, é o progresso.
O curtume ali se instalou.

Dia de chuva
Cadê o passarinho?
Que cheiro esquisito é esse?
Azedo. Hum... A usina ali se instalou.

Que barulho é esse?
A cidade cresceu
E o movimento gerou
Hum! Muito barulho
Atchim! Atchim!
Que atchim é esse?

É a fumaça da cana.
É o pó de arroz do secador.
É o emprego do meu pai.
Hum... atchim!

sexta-feira, 15 de abril de 2011

POEMA PROJETO

Poema - projeto

O projeto é confundido com o produto
mas não é o produto
o projeto é o caminho
que passa pelo produto
e se continua
até o fim do produto
e se continua
pois o projeto é um caminho
assim
o projeto não é a cadeira
a ponte, o arranha-céu, a cidade
o garfo, a faca, a cozinha
o refrigerante, a embalagem, o automóvel
o ursinho de brincar
o projeto não é o sapato
nem o biodigestor
nem a fábrica nem a indústria
pois o projeto não é a instituição
o projeto é o processo
o produto um dos seus resultados
[a atividade do projeto é um caminhar
que passa pelo produto e se continua]
o projeto é aperfeiçoável; exercitável, aprendível
o projeto não é o produto
assim a complexidade do projeto não está no produto
[a complexidade do produto é inerente a este]
a complexidade do projeto está no seu caminho
na maneira de sua condução
[um simples pote de barro pode resultar de
complexa atividade projetual]
o projeto pode ser ir da casa até a fonte
[quando o caminho não é suficientemente conhecido]
o projeto pode ser a atividade exercida
para resolver problemas diários
o projeto não é a luz, mas uma das
maneiras de obtê-la.

[José Luiz Mendes Ripper; agosto, 1982]

5ª OFICINA-OFICINA LIVRE ORIENTAÇÃO DE PROJETOS

Oficina de elaboração do projeto

Nosso 5º encontro aconteceu no dia 15 de abril nas dependências da Secretaria Municipal de Educação. Iniciamos nosso encontro com a leitura do poema Projeto de José Luiz Mendes Ripper. Nesta oficina vamos dar inicio a elaboração dos projetos que serão desenvolvidos pelos professores em suas respectivas escolas. Apresentei através de slides uma seqüência de como elaborar um projeto, suas etapas e estruturas. Em seguida, os cursista escolheram o tema de seu projeto de acordo com a relevância para sua clientela. Posteriormente, passaram a debater sobre a situação-problema. Por conseguinte, iniciaram o levantamento bibliográfico que servirá como fundamentação teórica para a elaboração do projeto Então, foi escolhido os seguintes temas e ficando estabelecido que : A Professora Márcia Regina trabalhará com o projeto “Rádio na Escola”, a professora Claudete ”Poetas da Escola” Professoras Marcilene e Camila Projeto “A importância da poesia para o prazer da leitura”, Professoras Viviane e Lucélia “Folclore Regional e por a fim a professora Jéssica Balen o projeto “Fotografando a minha realidade”. Foi um encontro muito proveitoso, onde cada professora já saiu com um esboço de seu projeto. Encerramos o encontro, orientando sobre a próxima oficina.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA DO GESTAR


6ºANO

TODAS AS VIDAS-CORA CORALINA

Vive dentro de mim
uma cabocla velha
de mau-olhado,
acocorada ao pé
do borralho,
olhando para o fogo.
Benze quebranto.
Bota feitiço...
Ogum. Orixá.
Macumba, terreiro.
Ogã, pai-de-santo...
Vive dentro de mim
a lavadeira
do Rio Vermelho.
Seu cheiro gostoso
d'água e sabão.
Rodilha de pano.
Trouxa de roupa,
pedra de anil.
Sua coroa verde
de São-caetano.
Vive dentro de mim
a mulher cozinheira.
Pimenta e cebola.
Quitute bem feito.
Panela de barro.
Taipa de lenha.
Cozinha antiga
toda pretinha.
Bem cacheada de picumã.
Pedra pontuda.
Cumbuco de coco.
Pisando alho-sal.
Vive dentro de mim
a mulher do povo.
Bem proletária.
Bem linguaruda,
desabusada,
sem preconceitos,
de casca-grossa,
de chinelinha,
e filharada.
Vive dentro de mim
a mulher roceira.
-Enxerto de terra,
Trabalhadeira.
Madrugadeira.
Analfabeta.
De pé no chão.
Bem parideira.
Bem criadeira.
Seus doze filhos,
Seus vinte netos.
Vive dentro de mim
a mulher da vida.
Minha irmãzinha...
tão desprezada,
tão murmurada...
Fingindo ser alegre
seu triste fado.
Todas as vidas
dentro de mim:
Na minha vida -
a vida mera
das obscuras!

Cora Coralina

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Cidadão-Zé Ramalho

Tá vendo aquele edifício moço
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição
Eram quatro condução
Duas prá ir, duas prá voltar
Hoje depois dele pronto
Olho prá cima e fico tonto
Mas me vem um cidadão
E me diz desconfiado
"Tu tá aí admirado?
Ou tá querendo roubar?"
Meu domingo tá perdido
Vou prá casa entristecido
Dá vontade de beber
E prá aumentar meu tédio
Eu nem posso olhar pro prédio
Que eu ajudei a fazer...

Tá vendo aquele colégio moço
Eu também trabalhei lá
Lá eu quase me arrebento
Fiz a massa, pus cimento
Ajudei a rebocar
Minha filha inocente
Vem prá mim toda contente
"Pai vou me matricular"
Mas me diz um cidadão:
"Criança de pé no chão
Aqui não pode estudar"
Essa dor doeu mais forte
Por que é que eu deixei o norte
Eu me pus a me dizer
Lá a seca castigava
Mas o pouco que eu plantava
Tinha direito a comer...

Tá vendo aquela igreja moço
Onde o padre diz amém
Pus o sino e o badalo
Enchi minha mão de calo
Lá eu trabalhei também
Lá foi que valeu a pena
Tem quermesse, tem novena
E o padre me deixa entrar
Foi lá que Cristo me disse:
"Rapaz deixe de tolice
Não se deixe amedrontar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio, fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asa
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio, fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar"

Hié! Hié! Hié! Hié!
Hié! Oh! Oh! Oh!

O OPERÁRIO EM CONSTRUÇÃO-VINICIUS DE MORAES

Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as casas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia, por exemplo
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.

De fato, como podia
Um operário em construção
Compreender por que um tijolo
Valia mais do que um pão?
Tijolos ele empilhava
Com pá, cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia...
Mas fosse comer tijolo!
E assim o operário ia
Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento
Além uma igreja, à frente
Um quartel e uma prisão:
Prisão de que sofreria
Não fosse, eventualmente
Um operário em construção.

Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
- Garrafa, prato, facão -
Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário,
Um operário em construção.
Olhou em torno: gamela
Banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem o fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão.

Ah, homens de pensamento
Não sabereis nunca o quanto
Aquele humilde operário
Soube naquele momento!
Naquela casa vazia
Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava.
O operário emocionado
Olhou sua própria mão
Sua rude mão de operário
De operário em construção
E olhando bem para ela
Teve um segundo a impressão
De que não havia no mundo
Coisa que fosse mais bela.

Foi dentro da compreensão
Desse instante solitário
Que, tal sua construção
Cresceu também o operário.
Cresceu em alto e profundo
Em largo e no coração
E como tudo que cresce
Ele não cresceu em vão
Pois além do que sabia
- Exercer a profissão -
O operário adquiriu
Uma nova dimensão:
A dimensão da poesia.

E um fato novo se viu
Que a todos admirava:
O que o operário dizia
Outro operário escutava.

E foi assim que o operário
Do edifício em construção
Que sempre dizia sim
Começou a dizer não.
E aprendeu a notar coisas
A que não dava atenção:

Notou que sua marmita
Era o prato do patrão
Que sua cerveja preta
Era o uísque do patrão
Que seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.

E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução.

Como era de se esperar
As bocas da delação
Começaram a dizer coisas
Aos ouvidos do patrão.
Mas o patrão não queria
Nenhuma preocupação
- "Convençam-no" do contrário -
Disse ele sobre o operário
E ao dizer isso sorria.

Dia seguinte, o operário
Ao sair da construção
Viu-se súbito cercado
Dos homens da delação
E sofreu, por destinado
Sua primeira agressão.
Teve seu rosto cuspido
Teve seu braço quebrado
Mas quando foi perguntado
O operário disse: Não!

Em vão sofrera o operário
Sua primeira agressão
Muitas outras se seguiram
Muitas outras seguirão.
Porém, por imprescindível
Ao edifício em construção
Seu trabalho prosseguia
E todo o seu sofrimento
Misturava-se ao cimento
Da construção que crescia.

Sentindo que a violência
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão
Dobrá-lo de modo vário.
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
- Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem bem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher.
Portanto, tudo o que vês
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.

Disse, e fitou o operário
Que olhava e que refletia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria.
O operário via as casas
E dentro das estruturas
Via coisas, objetos
Produtos, manufaturas.
Via tudo o que fazia
O lucro do seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca de sua mão.
E o operário disse: Não!

- Loucura! - gritou o patrão
Não vês o que te dou eu?
- Mentira! - disse o operário
Não podes dar-me o que é meu.

E um grande silêncio fez-se
Dentro do seu coração
Um silêncio de martírios
Um silêncio de prisão.
Um silêncio povoado
De pedidos de perdão
Um silêncio apavorado
Com o medo em solidão.

Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arrastarem no chão.
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão.
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que fizera
Em operário construído
O operário em construção.

4º ENCONTRO-TP 3- OFICINAS 9 E 10

Realizamos nossa 4ª oficina-TP 3 Unidade 9 e 10- no dia 04 de Abril de 2011. Como o tema do TP é trabalho, no inicio do encontro passei o vídeo da música “Cidadão” do Zé Ramalho. Retomamos o conteúdo trabalhado na oficina anterior (gêneros e tipos textuais). Fiz o levantamento das dificuldades que ainda existem. Os curistas fizeram o relato das experiências da aula, falaram das dificuldades e êxitos da aula. Esse momento foi bastante positivo para o crescimento do grupo. Falamos sobre a importância do gênero poético em nossas vidas, os suportes da poesia e na possibilidade de se trabalhar esse gênero durante no avançando na prática. Então realizamos as seqüências didáticas para essa prática. Orientei sobre o registro do trabalho dos alunos que terão que ser entregues e o memorial do professor. Finalizamos o encontro com o poema “ O Operário em Construção” de Vinicius de Moraes.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

3º ENCONTRO-OFICINA LIVRE- GÊNEROS E TIPOS TEXTUAIS

 No  dia 18  de Março de 2011,  nos reunimos no período vespertino para dar inicio ao estudo da oficina livre: Gêneros e Tipos Textuais.para esse encontro preparei slides com os conceitos de Gêneros e Tipos Textuais.Estudamos  as  diferenças e semelhanças dos textos e sua funcionalidade dentro de um contexto linguistico.Analisamos a intertextualidade e a estrutura de cada   gênero. A seguir realizamos uma atividade onde os cursistas  em grupo, produziram um gênero textual partindo de outro. E a seguir sistematizamos os trabalhos para finalizar o encontro. Como tarefa, solicitei que lessem o TP 3 que será trabalhado no próximo encontro.

INTERTEXTUALIDADE


A intertextualidade é uma forma de diálogo entre textos, que pode se dar de forma mais implícita ou mais explícita e em diversos gêneros textuais.
O intertexto serve para ilustrar a importância do conhecimento de mundo e como este interfere no nível de compreensão do texto. Ao relacionar um texto com outro, o leitor entenderá que a intertextualidade é uma das estratégias utilizadas para a construção dos mesmos.
No caso específico do anúncio publicitário, por exemplo, o intertexto, quando usado, é uma forma diferente de persuasão, com o objetivo de levar o leitor a consumir um produto e também difundir a cultura.